Coluna Ativar

Como programas de TV podem me inspirar no planejamento de aulas?

Vai dizer que você nunca ficou esperando aquele programa de TV voltar do intervalo para saber o desenrolar de uma história? Que nunca chorou com uma história de vida apresentada? Que nunca riu até a barriga doer em meio a uma brincadeira?

Pois é.

A televisão e o cinema, tomados aqui como elementos principais de nossa discussão, têm seu foco especialmente voltado para as emoções humanas e tudo o que isso gera em nós: o desconforto, o contentamento, a reflexão, o despertar para um novo tema, a conscientização. É claro que o ibope é fundamental para a TV, mas para que ela alcance esse número, precisa alcançar, primeiro, o coração das pessoas. Seja porque diverte, porque relaxa, porque faz rir, faz chorar, porque gera susto, raiva ou nostalgia. Tempos e formatos são pensados para construir momentos que têm objetivos muito específicos. Mas como isso é feito e como eu posso me apropriar desses modos de fazer e trazer alguns elementos para minhas aulas?

1. Tempos e formatos

Muitos programas de TV são planejados e pensados a partir de arcos, quer dizer, blocos que têm objetivos específicos: o bloco de entretenimento leve, com notícias de cachorrinhos engraçados, por exemplo; o bloco de notícias, que pode envolver situações mais pesadas e desagradáveis; o bloco em que se entrevista um convidado; o bloco de publicidade, em que se apresenta um produto, por exemplo. Uma ideia de adaptação desse formato, seria pensar a sua aula também em blocos. Exemplo:

  • Bloco 1: Explicação do tema novo, com apresentação de um recurso visual para ilustração
  • Bloco 2: Estudantes exploram o recurso visual, recebem perguntas do professor e iniciam uma investigação sobre o tema
  • Bloco 3: Estudantes se unem em grupos para discutir os resultados do que encontraram na investigação
  • Bloco 4: Compartilhamento para toda a turma das principais curiosidades encontradas na investigação e início das discussões que serão vistas no próximo encontro.
2. Emoções

“A emoção é a base da aprendizagem” (Zull 2006 , p. 7), portanto, como gerar esse impacto nas minhas aulas? Sempre que possível, pense em recursos como: fotografia, obras de arte, filmes, séries, reportagens, entrevistas, poemas, biografias que tenham sentido com o tema, que ilustrem a situação ou que sirvam de ponto de atenção para iniciar as discussões.

3. Histórias

Histórias são parte fundamental de filmes e de muitos blocos de programas de televisão, por quê? Porque nos conectamos com o outro, com sua história de vida, suas dificuldades, suas aventuras, suas conquistas. Ao ouvir e conhecer a história do outro, tenho a oportunidade de também viver um pouco daqueles momentos e aprender aquelas lições. Histórias podem ser contadas pelo professor para ilustrar uma situação fictícia, ou não e despertar a imaginação, conscientizar e educar sobre um tema. Quer saber mais? Leia meu artigo para a revista Educatrix aqui.


Com um pouquinho de criatividade e planejamento intencional não fica difícil, não é? Desejo que essas ideias gerem muitas outras, por aí!

Um grande abraço digital!

  • Fonte citada: Zull, J. E. (2006). Key aspects of how the brain learns. In S. Johnson & K. Taylor (Eds.), The neuroscience of adult learning (pp. 3–9). San Francisco: Jossey-Bass.

Prof. Emilly Fidelix I @seligaprof

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Criadora do @seligaprof, onde impacta milhares de professores de todo o Brasil, palestrante e formadora de professores. É doutora em História Cultural (UFSC), especialista em Tecnologias, Comunicação e Técnicas de Ensino (UTFPR), professora de pós-graduação no Instituto Singularidades. Atua nas áreas de metodologias ativas, storytelling aplicado à educação e BNCC.