Coluna Educação Inovadora

Cinco passos para promover a gestão da aprendizagem no ambiente remoto e híbrido

Com a diversidade brasileira e a pandemia da COVID-19, temos situações adversas na Educação. Enquanto alguns estados e munícipios retomaram o processo de ensino no modelo híbrido, que mescla o presencial e o remoto (com rodízios entre os estudantes), outros ainda permanecem somente no formato remoto.

Diante deste cenário, é comum nos questionarmos: como manter os estudantes motivados a usar o ambiente remoto de aprendizagem? Este é um desafio real das unidades escolares, por diversos motivos que são plurais, com realidades e necessidades diferenciadas e motivados por diversos fatores.

Para promover a gestão da aprendizagem em um ambiente remoto e híbrido, podemos seguir caminhos que contemplem a atratividade para que os estudantes possam se envolver e contribuir com sugestões. A seguir alguns passos.

1. Cuidado ao planejar as aulas

O ensino remoto não deve ser realizado apenas com aulas online. A gestão da aprendizagem deve considerar novas formas de ensinar, indo além do cotidiano e se adequando ao contexto de cada realidade escolar e dos estudantes.

Para planejar as aulas, é necessário considerar recursos que os estudantes possuem disponíveis em casa, como internet, materiais, espaço para estudar, entre outros. Para o ensino híbrido, é importante identificar pontos dos momentos presenciais com os remotos de forma combinada, pensando como dividir a classe e quais conteúdos são adequados a cada momento.

Explorar novas maneiras de aprendizagem com interações e que estimulem o processo criativo e a curiosidade, adaptando avaliações e realizando projetos diferenciados, contribui com aulas dinâmicas.

2. Orientação de estudo

A gestão da aprendizagem requer comunicação. O primeiro passo é orientar os estudantes sobre o ambiente, os recursos, as disciplinas, os prazos e as tarefas. Combinar com eles estes aspectos é um importante caminho, uma vez que no formato presencial o estudante tem liberdade de procurar o professor, sanar dificuldades e expor problemas que muitas vezes possuem receio de fazer no formato remoto.

Estamos há muito tempo lidando com a pandemia e com o distanciamento social, é necessário começar devagar, não gerar situações que os estudantes se sintam constrangidos a realizar, como abrir a câmera. Muitos não se sentem à vontade com a exposição e é preciso respeitá-los e manter diálogo neste momento.

3. Humanizar a experiência nas aulas remotas

Diante de aulas mediadas pela tecnologia, é possível humanizar a experiência. Uma maneira de contribuir para isso é trazer exemplos e dados concretos, como conversar sobre as expectativas dos momentos remotos e o professor explanando seus anseios e desafios.

Escolha plataformas que permitam o acompanhamento de atividades, tempo de permanência, interações, pesquisas de opinião, leituras realizadas, entre outras.

Se a plataforma não tiver esses recursos, pode ser criado um documento colaborativo para que o estudante possa preencher e colocar os dados, emitir opiniões em busca de uma escuta ativa e autônoma em que professor tenha um papel ativo e possa intervir na aprendizagem.

4. Desafio docente

Como professores temos muitos desafios, e um deles não é apenas inserir ferramentas tecnológicas no processo de ensino, mas adaptá-las ao ambiente remoto de aprendizagem. Assim, é possível apostar nos formatos e trazer diversos tipos de interação de acordo com a turma, desde trabalhos colaborativos, jogos digitais, até circuitos gamificados.

5. Dicas de como escolher as Ferramentas digitais

A escolha de ferramentas digitais requer olhar para condições de acesso dos estudantes; compartilho dicas que podem auxiliar neste processo.

  • Aplicativos de realidade virtual e gamificação – Temos uma infinidade de vídeos em dimensões aumentadas e jogos digitais gamificados, que podem ser aplicados para trabalhar diferentes conteúdos e situações de aprendizagem.
  • Gestão escolar – algumas plataformas auxiliam o professor a acompanhar o desenvolvimento e frequência dos estudantes. A learning analytics (que é a utilização de dados de aprendizagem para fazer análises sobre o desempenho educacional dos estudantes) é um exemplo com indicadores de avaliação a partir dos objetos e planejamento.
  • Ambientes colaborativos – O G Suite e o Google Sala de Aula são pacotes de serviços disponíveis que permitem colaboração e o uso das metodologias ativas, registrando o percurso, interação, podendo ser usado em diferentes aparelhos tecnológicos.

A gestão da aprendizagem requer o protagonismo docente no papel de mediação do processo de ensino, em que a tecnologia e a abordagem pedagógica podem contribuir com o engajamento dos estudantes.

Um abraço e até a próxima.

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública de SP, idelizou o trabalho de robótica com sucata, que é uma política pública e metodologia de ensino. Gestora, consultora e formadora docente, considerada uma das dez melhores professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, nobel da Educação. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autoras dos livros de Robótica com Sucata e Robótica com Sucata II - uma aventura pela criatividade.