Coluna Educação Inovadora

Como levar o ensino do pensamento computacional para sala de aula

O ensino do pensamento computacional ainda é um grande tabu que precisa ser superado para ser acrescido ao currículo da educação básica e nas escolas brasileiras. Em muitos países o mesmo já é visto como uma segunda língua, devido aos benefícios proporcionados ao processo de ensino e aprendizagem.

Este universo pode ser incorporado de muitas maneiras e formas que se iniciam no movimento maker, que desencadeia premissas da programação desplugada e plugada até a robótica.

A linguagem de programação é uma forma linguística de conversar com as máquinas. Para muitos, o desenvolvimento de softwares é algo que causa espanto, devido ao uso de códigos, mas essa realidade vem se transformando e atualmente o desenvolvimento de computadores é mais simples.

Na educação temos softwares educativos que são visuais, que trazem blocos de montar, em que mais do que programar existe todo um trabalho pedagógico desenvolvido com a relação da lógica de programação que trabalha o cognitivo essencial: a aprendizagem.

Para levar o ensino de programação para a sala de aula

Muitos são os caminhos que podem ser escolhidos para levar o ensino de programação para a sala de aula (mesmo durante as aulas remotas) e alguns precisam ser desmistificados; o ensino de programação pode ser levado a qualquer etapa da escolarização e qualquer área de conhecimento, relacionando ao conteúdo em que vai trabalhar, porque sua potencialidade está no raciocínio lógico e na resolução de problemas. Assim, uma aula de geografia ou de história pode se tornar uma aula de programação com a criação de narrativas digitais, em que o lúdico estará presente o tempo todo.

Professor mediador

É necessário que o professor seja o mediador de conhecimento e faça relações ao trabalhar com o pensamento computacional com o cotidiano dos estudantes. Utilizamos muito conceitos de programação na nossa vida, seja para estudar, trabalhar e nos organizar. A todo momento, estamos trabalhando com conceitos de abstração, decomposição, algoritmo e reconhecimento, pilares do ensino da linguagem de programação.

Para ensinar programação, o professor não precisa ser programador; basta ter interesse, vontade e realizar a mediação do conhecimento. Atualmente temos ferramentas que foram desenvolvidas para o ensino de programação para crianças e jovens, algumas gratuitas, intuitivas e interativas.

Programação desplugada

É importante que o início do trabalho ocorra no formato desplugado, com experiências concretas, em os estudantes resolvam problemas, que podem ser a partir de charadas, caça-tesouros, dinâmicas, utilizando números binários e descobrindo mais sobre a linguagem dos computadores.

Programação plugada

Após a vivência prática, os estudantes podem ter acesso a plataformas gratuitas, que visam ensinar os primeiros passos de programação de forma lúdica e interativa, em que o desenvolvimento do aprendizado ocorre a partir de desafios e com o auxílio de personagens.

Dicas de softwares gratuitos

Scratch – permite a qualquer professor, mesmo sem conhecimento prévio, ensinar programação para crianças e jovens de forma simples e intuitiva.

Por meio de blocos de comandos que se encaixam – análogos ao Lego –, o programa possibilita a criação de jogos, animações, histórias e narrativas interativas, que podem ser facilmente disponibilizadas no site do projeto e compartilhadas com crianças de outras escolas. A ferramenta ajuda a dar forma à imaginação e pode ser trabalhada de maneira off-line.

Ele ainda possui uma comunidade em que os estudantes podem ter acesso a trabalhos de todo o mundo para remixá-los, dando crédito ao trabalho original para desenvolver novos projetos.

Outra qualidade do Scratch é a possibilidade de trabalho com o Scratch Jr, para crianças que não são alfabetizadas (na faixa entre 5 e 7 anos), e o Scratch S4, que permite a programação simples da plataforma de hardware aberto, para gerenciar sensores e atuadores conectados a placas programáveis, como o Arduíno.

Code.org – tem por objetivo desmistificar e democratizar o aprendizado de programação. Para isso, possui uma série de atividades para professores que desejam ensinar programação, permitindo que os alunos possam dar continuidade nos aprendizados em formato remoto.

Programaê – é uma iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, que contribui para o aprendizado e disseminação da lógica de programação. Possui práticas pedagógicas de pensamento computacional (programação plugada e desplugada) para trabalhar em sala de aula.

A importância do ensino de programação

Com a quarta revolução industrial será comum a necessidade de profissionais preparados para lidar com este novo mundo. Segundo pesquisa realizada pelo Google for Education, a programação é considerada uma das oito habilidades mais importantes a educação do futuro, que 92% dos empregos futuros necessitarão de habilidades digitais e que 93% de professores norte-americanos relatam que os estudantes da educação básica desenvolvem a capacidade de solucionar problemas e se aprofundam sobre o conhecimento em algoritmos. Acesse aqui para o relatório global.


E você, professor(a), como trabalha com o pensamento computacional? Conte aqui e contribua para que outros educadores deem o primeiro passo em suas aulas.

Um abraço e até a próxima!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública de SP, idelizou o trabalho de robótica com sucata, que é uma política pública e metodologia de ensino. Gestora, consultora e formadora docente, considerada uma das dez melhores professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, nobel da Educação. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autoras dos livros de Robótica com Sucata e Robótica com Sucata II - uma aventura pela criatividade.