Coluna Educação Inovadora

Ensino de robótica sem um kit específico: sim é possível. Descubra como! 

Que tal levar a robótica para dentro da sala de aula, mesmo sem ter um kit específico?  

Para descobrir como é possível o ensino de robótica sem kit, é preciso desmitificar o que é a robótica educacional e compreender que existem muitas maneiras de ensiná-la.  

Uma das possibilidades é trabalhar com simuladores, que podem ser usados de forma pedagógica para que possam contribuir com a aprendizagem, com o aprendizado discente sobre a linguagem de programação e com a resolução de um problema por meio de um protótipo. 

Para saber mais sobre como é possível ensinar robótica sem um kit específico, eu separei algumas dicas para você. Vamos nessa? 

Conhecendo sobre o pensamento computacional 

O pensamento computacional é um elemento que pode auxiliar muito nesse processo com nossos estudantes e seus pares.

Ele pode ser definido como uma estratégia que convida o estudante a usar sua capacidade criativa, crítica e estratégica para solucionar problemas uma vez que utiliza as bases computacionais nas diferentes áreas. 

Esse pensamento atua em quatro pilares:  

1 – Decomposição: logo que surge um problema complexo, deve-se dividi-lo em pequenas partes, a fim de solucioná-las com mais facilidade; 

2 – Reconhecimento de padrões: como a própria expressão define, ajuda na identificação de aspectos comuns nos processos; 

3 – Abstração: a abstração consiste em analisar elementos que têm relevância, diferenciando-os daqueles que podem ser deixados de lado; 

4 – Algoritmos: reúne todos os pilares já citados e envolve a criação de um grupo de regras para a solução de problemas. 

A ideia é reformular problemas que aparentam ser de difícil resolução e transformá-los em algo capaz de ser compreendido, focando em cada fase a fim de que se possa atingir o objetivo.  

Ensinar o pensamento computacional é ir além de códigos que mobilizam diversas habilidades e competências, por exemplo o raciocínio lógico, colaboração, empatia, resolução de problemas, entre outros. 

Com esse pensamento, é possível trabalhar de diferentes maneiras, indo desde o desplugado (atividades concretas) ao plugado (formato digital) por meio de softwares e comandos a placa programável.  

É no formato plugado, com softwares e componentes eletrônicos, que os estudantes programam suas invenções, proporcionando muitas possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem ao estimular e desafiar os estudantes a exercitarem o raciocínio lógico e a compreenderem o que existe por detrás dos dados, fazendo com que não sejam apenas consumidores de tecnologia, mas produtores dela.  

Mas afinal, como fazer isso sem um kit específico? A resposta é usar os simuladores. Vamos conhecer mais a respeito?  

Ensinando robótica sem um kit 

Como vimos, podemos trabalhar com a programação e a robótica de diferentes formas. A princípio, pode-se apresentar para os estudantes os softwares educacionais interativos e com simuladores como: Scratch, Microbit e Tinkecard.

Assim, o estudante pode aprender a programar e usar uma placa, sem ter um kit.  Abaixo faço um apanhado das possibilidades de trabalho: 

1 – DESMITIFICAR O QUE É A LINGUAGEM DE PROGRAMAÇÃO 

Os softwares acima ofertam a possibilidade de os estudantes desmitificarem o que é a programação, já que, em muitos casos, os códigos estão dentro de caixas que precisam ser arrastadas para criar um movimento, dar um comando, executar uma ação, criar uma história entre outros. 

Se você, professor, tiver dificuldades, o Scratch traz alguns cartões que mostram que por meio das noções espaciais é possível programar, contar uma narrativa digital, criar um jogo e programar para uma placa. O que acha de testar essa possibilidade para iniciar o trabalho com os estudantes? 

2 – LÚDICO 

Os softwares educacionais são interativos, lúdicos e conversam com diferentes ciclos de aprendizagens, materiais e placas programáveis. É possível animar um nome, criar uma história, produzir um jogo ou ainda criar narrativas digitais para que os estudantes explorem possibilidades. 

Fonte: Scratch 

Outra possibilidade é recriar os comandos em formatos de jogos no campo do desplugado. Veja uma imagem abaixo: 

Fonte: Arquivo pessoal 

3 – SIMULADORES 

Outra a possibilidade é a simulação de ações que acontecem com a placa programável, por exemplo a rotação de um motor, um comando de um giro, entre outras possibilidades. O estudante pode acompanhar na tela o que vai ocorrer com o seu comando e ter a oportunidade de errar, testar, refazer e fazer novamente sem mexer no projeto físico, compreendendo e estudando essa parte no ambiente digital.  

Fonte: Arquivo pessoal 

4 – MODELAGEM 3D 

Outro ganho possível é o de trabalhar com os objetos em suas dimensões como no 3D e a própria prototipagem, a fim de permitir a interação com diferentes materiais de forma plugada, ou, até mesmo, transpor tais ideias para o desplugado por meio do desenvolvimento de projetos com materiais não estruturados, como papelão e madeira.  

Fonte: Tinkercard 

5 – PROGRAME DE FORMA BARATA 

Um grande benefício dos simuladores de programação é a independência do estudante, ou do professor, que quer aprender a programar, mas não dispõe de materiais de robótica.

Qualquer um que tiver um dispositivo conectado à internet pode aprender a programar e facilmente trabalhar fisicamente com programação com placas como Arduino e Microbit. Mas, se não tiver um dispositivo para cada aluno, não se preocupe. O ideal é que se possa trabalhar em grupo e no formato colaborativo.  

E aí, você já usou alguma dessas plataformas ou conhece alguma outra que permita o ensino de robótica sem um kit específico? Conte aqui nos comentários! 

Um abraço e até a próxima! 

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública de SP, idelizou o trabalho de robótica com sucata, que é uma política pública e metodologia de ensino. Gestora, consultora e formadora docente, considerada uma das dez melhores professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, nobel da Educação. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autoras dos livros de Robótica com Sucata e Robótica com Sucata II - uma aventura pela criatividade.