Coluna Escola Diversa

Educação Visual X Práticas Excludentes

Olá pessoal! 

Como vocês estão? Espero que esteja bem! Eu sou a Isabelle e você deve estar se perguntando: Cadê a Janine? 

Pois é, a Janine me convidou para conversar com vocês sobre educação visual e práticas excludentes. Mas deixa eu me apresentar: Meu nome é Isabelle Freire e sou designer na Piraporiando. 

Para iniciar nosso bate-papo, gostaria de trazer uma reflexão. Você já parou para pensar que, principalmente na infância, tudo a que somos expostos influencia na forma como nos relacionamos com o mundo? Através de desenhos, fotos, pinturas, programas de TV, livros e filmes, as crianças identificam mais facilmente sentimentos, aprendem a se relacionar com os outros, começam a entender a empatia e são introduzidas aos conceitos de “bonito” e “feio”.

O que é Educação Visual

Quando falamos de Educação Visual, estamos falando sobre como a visão de mundo de uma criança é educável, levando em consideração a cultura, a sociedade, mas principalmente a rede de confiança desse ser humano em formação. Seja um membro da família, educador ou figura de cuidado, todos nós temos a responsabilidade de apresentar a diversidade às crianças.

Aqui também podemos falar sobre como as práticas excludentes limitam a formação de um ser humano em desenvolvimento. Estereótipos, preconceitos e discriminações dificultam as percepções sociais e criam barreiras nas relações interpessoais. 

E neste sentido, a arte é o caminho que transforma barreiras em pontes.

Eu me lembro de um livrinho que eu sempre lia na biblioteca da escola, chamado “Menina Bonita do Laço de Fita”. Ele conta a história de uma garotinha preta, com cabelos encaracolados, descrita pelo narrador como a menina mais linda que ele já tinha visto. As ilustrações do livro foram fundamentais para que eu me reconhecesse na personagem, percebesse a beleza que eu tinha e que muitas vezes não era representada em outros livros. Apresentar esse tipo de conteúdo solidifica a autoestima e a confiança na infância.

Experiências como essa influenciaram no meu sonho de ser artista. Não daqueles artistas mostrados nas apostilas, em sua maioria homens, brancos e europeus. Eu queria ser uma designer que desse voz a outras mulheres, transmitisse a essência brasileira e celebrasse a diversidade em minhas criações.

Temos inúmeros exemplos de criadores potentes nesse território e aqui peço licença para trazer três das minhas grandes referências.

TAI

TAI é uma artista visual indígena que, por meio de universos fantásticos, aborda a luta de mulheres amazônidas e histórias da cultura ancestral.  Para você conhecer mais sobre a artista e suas lindas obras, deixo aqui o perfil dela no Instagram. Vale a pena conferir!

Tito Ferrara

Tito Ferrara é um muralista nipo-brasileiro que desenha a fauna, flora e histórias contadas através de escritas misturadas a rostos em camadas. Conheça mais sobre esse incrível artista acessando o site!

Del Nunes

Del Nunes é um artista preto e baiano que se utiliza das colagens como uma forma de expressar o seu descontentamento com a realidade que o cerca. Acesse o perfil no Instagram, conheça este jovem brilhante e também inspire sua turma e seus projetos!

Cada um deles pode servir como exemplo de talentos contemporâneos e diversos nas salas de aula.
Aprofundando ainda mais o nosso diálogo, acredito que, por meio das artes visuais, podemos mostrar às crianças que existem famílias com dois pais ou duas mães, colegas com diferentes texturas de cabelos, amigos com variados formatos de corpos e pessoas com deficiências, demonstrando que todos podem viver em harmonia e que, principalmente, devem conviver com respeito.

E falando em inclusão, um projeto bacana que utiliza a visualidade como ferramenta de transformação é a exposição Karingana. O projeto aborda ancestralidade, famílias, ludicidade, corporeidade e memória por meio de ilustrações de livros infanto-juvenis criados por pessoas negras. Inclusive, um dos livros da Janine,  “Nuang, caminhos da liberdade” faz parte do acervo da mostra. 

Mais um motivo para conhecer essa exibição! E que tal fazer algo parecido em sua escola? Uma exposição cheia de diversidade onde os estudantes poderão, por exemplo, apresentar elementos visuais com os quais eles se identificam de alguma forma?

Mais fácil do que se imagina!

Com essa conversa, podemos perceber que abordar questões de diversidade por meio da arte é mais simples (e prazeroso) do que parece, não é mesmo? A dica é buscar conhecimento sobre as pautas da diversidade, trazer referências visuais variadas e colher os frutos de uma educação visual diversificada, que contribui para uma sociedade com menos preconceitos e pessoas mais confiantes em suas capacidades.

Por fim, gostaria de agradecer à Janine pela oportunidade de escrever um pouco sobre a minha área de atuação para vocês. É sempre uma emoção falar sobre esse tema que tanto mudou a forma como eu encaro o mundo. E muito obrigada a você que ficou comigo até aqui. Um beijo e até a próxima!

Agora sim! Sou eu aqui pessoal, a Janine!

Demais a Isabelle né pessoal? De fato, a educação visual é um pilar de extrema importância na educação!! 

E hoje tem um convite especial! Temos um curta experimental de animação, onde o cenário foi todo feito de papel, artesanalmente e a narração foi feita por uma criança. 

Diversidade e beleza visual permeiam essa obra da Piraporiando, produzida com muito afeto. Para conhecer, assistir e apresentar em sua escola a Piraporiando vai abrir o link gratuito até o final do mês de novembro! 

Aproveite!!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Gestão Socioambiental, com especialização na mesma área pela UFRJ, Janine Rodrigues começou a escrever aos 8 anos de idade e hoje, além de escritora, é educadora e fundadora da Piraporiando, uma das 10 Edtechs mais importantes da América Latina. A Piraporiando é voltada à Educação para a diversidade e desenvolve experiências e conteúdos antirracistas, antibullying, antipreconceito e de promoção da equidade de gênero. Eleita pela Forbes como uma das 12 pessoas negras mais inovadoras, Janine trabalha pela qualidade da educação no Brasil e, atualmente, assina a coluna Escola diversa no blog Redes Moderna.