Coluna Educação Inovadora

Práticas inspiradoras para combater a violência nas escolas

A violência nas escolas é um problema que afeta não apenas os estudantes, mas toda a comunidade escolar, e precisa urgentemente ser discutido e combatido. Assim, é essencial buscar formas de lidar com essa questão de maneira eficaz, promovendo um ambiente seguro e acolhedor para todos. Felizmente, existem práticas inspiradoras que podem ser adotadas para combater a violência e promover a cultura de paz nas escolas.

Adoção de práticas inspiradoras na sala de aula

Uma das formas de lidar com a violência nas escolas é investir em programas de educação socioemocional. O trabalho tem como objetivo desenvolver habilidades socioemocionais nos estudantes, como empatia, respeito, autocontrole e resolução de conflitos. Ao trabalhar com habilidades e competências, os estudantes aprendem a lidar com suas emoções e a se relacionar de forma saudável com os outros, sendo possível reduzir os casos de violência. Essa prática pode ocorrer de diversas maneiras, como:  

Círculo de conversa

Promova momentos de diálogo em sala de aula, onde os estudantes possam compartilhar suas emoções, experiências e opiniões sobre diferentes temas. Isso ajuda a desenvolver a empatia e a habilidade de se expressar de forma respeitosa.

Jogos cooperativos

Incentive a prática de jogos que estimulem a cooperação e o trabalho em equipe, em vez da competição. Esses jogos ajudam a desenvolver habilidades de colaboração, respeito mútuo e resolução de conflitos.

Atividades de mindfulness

Introduza práticas de mindfulness, como exercícios de respiração e meditação, para ajudar os estudantes a desenvolverem o autocontrole emocional, a concentração e a capacidade de lidar com o estresse.

Projetos de serviço comunitário

Promova projetos em que os estudantes possam se envolver em ações de solidariedade e contribuir para a comunidade. Essas atividades ajudam a desenvolver a empatia, a responsabilidade social e a consciência dos problemas enfrentados pela sociedade.

Dramatizações e role-playing (simulação ou encenação e um evento real, que remete a uma situação cotidiana)

Realize atividades em que os estudantes possam representar situações do cotidiano, como conflitos ou dilemas éticos, e busca de soluções de forma colaborativa. Isso estimula a empatia, a comunicação efetiva e a resolução de problemas.

Diário de gratidão

Incentive os estudantes a manterem um diário onde possam registrar diariamente algo pelo qual são gratos. Essa prática ajuda a desenvolver a gratidão, o otimismo e a valorização das coisas positivas da vida.

Rodas de conversa sobre respeito e diversidade

Promova discussões sobre a importância do respeito às diferenças, seja de gênero, etnia, religião ou orientação sexual. Essas rodas de conversa ajudam a desenvolver a tolerância, a valorização da diversidade e a prevenção de preconceitos e discriminações.

Lembrando que essas são apenas algumas sugestões de atividades para trabalhar o socioemocional na educação básica. É importante adaptar as atividades de acordo com a faixa etária dos estudantes e as necessidades específicas de cada grupo.

Outra prática inspiradora é a implementação de projetos de mediação de conflitos. Esses projetos consistem em treinar estudantes para atuarem como mediadores em situações de conflito entre os colegas. Dessa forma, os próprios estudantes são capacitados a resolverem seus problemas de forma pacífica, promovendo a cultura da paz na escola.

Além disso, é importante promover a participação ativa dos estudantes na construção de um ambiente escolar seguro. A criação de comitês estudantis, onde os estudantes têm voz ativa e participam das decisões da escola, é uma prática inspiradora nesse sentido. Ao se sentirem ouvidos e valorizados, os estudantes se tornam agentes de transformação e contribuem para a prevenção da violência.

Outra sugestão é investir em atividades extracurriculares que promovam a cultura de paz e o respeito mútuo. Oficinas relacionadas a arte, música, teatro, esportes e debates sobre temas relevantes podem ser realizadas, proporcionando aos estudantes um espaço de expressão e reflexão. Essas atividades ajudam a fortalecer os laços entre os alunos e a construir uma convivência harmoniosa.

Indo além

O professor e pesquisador Bernardo Soares ressalta que também é essencial investir em reflexões sobre as práticas on-line e sobre o respeito e o discurso de ódio nas redes sociais. “Ainda que as redes não estejam de forma integral dentro das atividades em sala, têm sido comuns os casos de violência na escola como resultado das atividades no mundo virtual, nos últimos meses. O cyberbullying cresce na internet, em aplicativos como o Discord e o Twitter, e, muitas vezes, tem reflexos na convivência da comunidade escolar. É importante levar para o espaço de debate da sala não só as discussões a respeito do anonimato e dos crimes virtuais, como também atividades que conscientizem os estudantes a respeito de um uso ético e responsável desses espaços, que também são públicos.”

É importante que a escola esteja aberta ao diálogo com a comunidade e com os familiares e estudantes. A parceria entre escola e família é essencial para identificar e solucionar problemas de violência. Pode-se realizar reuniões periódicas, palestras e workshops para discutir a importância da prevenção da violência e compartilhar estratégias eficazes.

Lidar com a violência nas escolas requer a adoção de práticas inspiradoras que promovam a cultura de paz e o respeito mútuo. A educação socioemocional, a mediação de conflitos, a participação ativa dos estudantes, as atividades extracurriculares e o diálogo com a comunidade são algumas das formas de combater esse problema. Ao investir nessas práticas, estamos construindo escolas mais seguras e acolhedoras, onde todos possam desenvolver seu potencial ao criar uma cultura de viver em harmonia.

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública de SP, idelizou o trabalho de robótica com sucata, que é uma política pública e metodologia de ensino. Gestora, consultora e formadora docente, considerada uma das dez melhores professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, nobel da Educação. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autoras dos livros de Robótica com Sucata e Robótica com Sucata II - uma aventura pela criatividade.