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Como o projeto de vida do estudante apoia na recuperação da aprendizagem

Pensar em um projeto de vida é algo que vai muito além da sala de aula, mas que até certo tempo não tinha muito espaço nas escolas. Trabalhar esse viés com estudantes auxilia na valorização de suas individualidades, necessidades e expectativas, sendo a espinha dorsal da jornada escolar e consequentemente contribuindo para a recuperação da aprendizagem e desenvolvimento nos estudos. 

Para que seja um momento efetivo, é importante estimular nossos estudantes, que passam por uma série de incertezas, propondo a eles que reflitam e idealizem o seu futuro. Tendo isso em vista, a escola terá um papel central de acolher e incentivar as crianças e jovens a traçar um caminho e buscar segui-lo, participando ativamente desta construção.  

Ao longo dos anos, as experiências e velocidade das informações no campo da educação passaram por uma série de mudanças. Torna-se cada vez mais importante instigar os estudantes com situações problema, fornecendo meios para uma troca de vivências bastante enriquecedora entre eles, para que, assim, tenham maior liberdade de projetar, de compreender quem são, o que desejam alcançar e como farão para atingir seus objetivos. Assim, se nos atentarmos a essa ótica, perceberemos o quanto este pilar poderá ajudar os nossos estudantes inclusive em sua recuperação da aprendizagem, uma vez que esse é um caminho é singular e necessita da compreensão do ponto em que esse estudante está, para possa entender aonde ele quer chegar. 

Desse modo, um projeto de vida bem delineado e produzido com clareza na educação, faz parte de um processo de reflexão sobre o mundo que o cerca, envolvendo competências e habilidades, seguidas de passos capazes de levá-los a seus objetivos, promovendo o autoconhecimento e contribuindo para tomadas de decisões sobre cada etapa da vida, bem como para a avaliação do que já foi percorrido, tornando o estudante protagonista de sua própria jornada. 

A BNCC e o projeto de vida 

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), traz consigo a promoção de 10 competências gerais que devem ser trabalhadas ao longo da escolarização em sala de aula, a fim de motivar os estudantes a resolverem problemas do cotidiano, para o pleno exercício da cidadania e do mundo trabalho. Entre elas, algumas se destacam de maneira explícita dando grande importância sobre estes olhares sobre o projeto de vida e sua perspectiva à educação: 

“Competência 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade”.  

Assim, compreendemos que as práticas pedagógicas devem considerar o projeto de vida do estudante como um ponto essencial, em que a aprendizagem deve estar voltada ao autoconhecimento, valorizando os interesses e suas potencialidades com relação a habilidades socioemocionais. 

Entretanto, embora o projeto de vida seja apresentado como uma competência que deva ser trabalhada independentemente do currículo, a BNCC reforça sua importância no que tange suas reflexões e é aqui que a recuperação da aprendizagem pode tornar-se uma aliada no processo, ao apresentar a necessidade de os estudantes serem os protagonistas dentro desse processo, estimulando-os ressignificarem seus estudos, de modo que estejam em prol de seu projeto de vida. 

Na prática 

O professor deve estimular os estudantes a todos os momentos para que eles possam desenvolver seus projetos de vida de forma mais assertiva, favorecendo momentos mais significativos e atrativos, estabelecendo metas e promovendo uma série de ações que vão ao encontro desta proposta. 

Ao realizar conversas sobre habilidades socioemocionais, dúvidas, angústias, frustrações, estabelecer planos e metas, usando de metodologias ativas como o Design Thinking, bem como atividades como o varal dos sonhos e a feira de profissões, favorecem os estudantes a repensar diversos aspectos práticos da sua vida.  É uma estratégia de tornar a aprendizagem ainda mais atrativa, além de explorar aspectos de uma formação integral pautada no pessoal e social. 

Pessoal: Contribui para os estudantes se reconhecerem como sujeitos e a compreenderem as suas identidades. Para isso, é essencial o trabalho pautado na reflexão, interesses e habilidades, além do pilar de reconhecimento da origem e da auto aceitação em prol do amadurecimento das emoções. 

Social: Reconhecimento do local, do pertencimento individual e coletivo, bem como sua forma de atuação na sociedade, compreendendo aspectos do entorno, ações em cadeias e ações individuais. Resolução de problemas para a construção da cidadania crítica e responsável. 

Assim, para o desenvolvimento do projeto de vida na escola é importante considerar o ciclo de aprendizagem e a construção do estudante sob a ótica protagonista, de pertencimento e de narrativas pessoais, que podem culminar na escolha profissional de nossos estudantes. 

Por essa razão, a unidade escolar e o professor, deve proporcionar um ambiente que integre conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, promovendo uma educação integral e significativa, com as diferentes formas de inovação e abordagens de ensino e apresentação de currículo, como o ensino híbrido que mescla a aprendizagem, mas proporciona aos estudantes extensão de estudos, personalização do ensino, recuperação da aprendizagem e inserção de projetos maiores. 

Um abraço e até a próxima. 

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Letras e Pedagogia, com especialização em Língua Portuguesa pela Unicamp, Mestra em Educação pela PUC-SP e FabLearn Fellow, Columbia, EUA. Professora da rede pública de SP, idelizou o trabalho de robótica com sucata, que é uma política pública e metodologia de ensino. Gestora, consultora e formadora docente, considerada uma das dez melhores professoras do Mundo pelo Global Teacher Prize, nobel da Educação. Atualmente, assina a coluna Educação Inovadora no blog Redes Moderna e é autoras dos livros de Robótica com Sucata e Robótica com Sucata II - uma aventura pela criatividade.