Coluna Ativar

ChatGPT: o que é e o que tem a ver com educação?

Antes de mais nada, vamos entender o que afinal de contas é esse tal ChatGPT. E para ir direto ao ponto, nada mais é que uma inteligência artificial que nos dá respostas rápidas (e inclusive muito bem formuladas) para perguntas diversas.

Se você solicitar a ele que produza um ensaio sobre as causas da Revolução Francesa, em segundos terá um trabalho pronto. E é justamente por isso que diversas escolas nos Estados Unidos começaram a bloquear a ferramenta, que estaria sendo usada como “cola” em testes e também como ferramenta para produzir atividades diversas solicitadas em aula, como resolução de cálculos, criação de poemas, produção de textos, etc.

As universidades pelo mundo também têm se preocupado, especialmente com as entregas de trabalhos finais em cursos de graduação, por exemplo.

Nesse momento, você pode estar se perguntando: como essa ferramenta surgiu? Bem, nós sabemos que a todo momento novas ferramentas, novas tecnologias, novas invenções estão surgindo. E o ChatGPT é bem recente. Ele foi lançado em 30 de novembro pela startup chamada OpenAi, que tem sede em San Francisco e é muito próxima da Microsoft.

Amigo ou inimigo da educação?

No dia 13 de janeiro de 2023, o New York Times publicou um artigo com o título: “Não proíba o ChatGPT nas escolas. Ensine Com Ele”*. O artigo trata da experiência de um palestrante que viu os professores em pânico com a novidade, pois os alunos estavam usando a ferramenta para escrever suas tarefas. As tarefas de casa, inclusive, têm sido evitadas em algum distrito, por saberem que a maior parte dos alunos não fará, de fato, os exercícios, e sim, passará o “trabalho” para a IA.

Em uma passagem do artigo, o autor compartilha um momento vivido com outro professor (tradução própria):

(…)  Mas também há preocupações existenciais. Um professor do ensino médio me disse que usou o ChatGPT para avaliar alguns dos trabalhos de seus alunos e que o aplicativo forneceu feedback mais detalhado e útil sobre eles do que ele, em uma pequena fração do tempo. “Eu sou mesmo necessário agora?” ele me perguntou, meio brincando.

Por ser uma Inteligência Artificial, ela vai “aprendendo” conforme novas perguntas vão sendo feitas e se tornando mais inteligente com o passar do tempo. No momento, muitas de suas respostas são erradas ou contém equívocos, embora seja realmente muito funcional para programação ou produção de textos, por exemplo.

Mas será que bloquear o acesso é a solução?

Bem, nós sabemos que a curiosidade nos move. E mesmo que a IA esteja bloqueada nos aparelhos da escola, eles poderão acessá-la em seus smartphones pessoais e em casa.

Além disso, eles virão notícias de televisão, revista, páginas nas redes sociais abordando o assunto. Então será que “fingir” que ela não existe é a solução? Não. E nós tentamos fazer isso com o celular na escola, com a internet na escola, e não funcionou, não é? Tomaram proporções tão grandes que simplesmente invadiram a escola, e cá estamos.

Bloquear o acesso ao ChatGPT não ajuda os nossos alunos: o mundo estará, cada vez mais, repleto de ferramentas como essas e uma educação que pensa em exercício da cidadania, pensamento crítico, ética e responsabilidade, precisa aprender como usar essas ferramentas em prol de uma aprendizagem profunda. E esse é o grande desafio.

Que tal termos um novo artigo pensando em formas de utilizá-lo – com criticidade – em sala de aula?

Um super abraço digital,

Prof. Dra. Emilly Fidelix

@emilly_fidelix

*Você pode ler o artigo citado na íntegra aqui: https://www.nytimes.com/2023/01/12/technology/chatgpt-schools-teachers.html 

*Para ter acesso ao ChatGPT entre em: https://chat.openai.com/auth/login 

About author

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Criadora do @seligaprof, onde impacta milhares de professores de todo o Brasil, palestrante e formadora de professores. É doutora em História Cultural (UFSC), especialista em Tecnologias, Comunicação e Técnicas de Ensino (UTFPR), professora de pós-graduação no Instituto Singularidades. Atua nas áreas de metodologias ativas, storytelling aplicado à educação e BNCC.