Coluna Olhares

5 propostas de atividade para a acolhida dos estudantes

Que tal começar o ano letivo, com atividades bacanas e fáceis de fazer, para acolher e engajar os estudantes? Compartilho com vocês, professoras e professores, algumas que já realizo e pretendo fazer nesse ano.

Chamadas diferenciadas

Ao ser chamado, o estudante, em vez de responder com o tradicional “presente”, deve falar a resposta para a pergunta feita pelo professor(a). Por exemplo: Responda a chamada falando o nome da sua comida favorita; ou falando seu maior medo; o que te deixa contente; neste período de se conhecer os alunos, as perguntas são direcionadas para saber sobre ele, seus gostos, preferencias, sentimentos, entre outras coisas. Em outros momentos, para a alfabetização, podemos variar as perguntas levando a reflexão sobre a língua, com perguntas do tipo, “Nomes de vegetais que começam com a letra A?”. Também com datas especificas de alguma comemoração ou mesmo no dia a dia, é possível incluir na proposta perguntas que tragam descontração e divertimento para turma. “Responda a chamada com coisas que as mães mais falam para seus filhos”, (Eu te disse!; Se eu for aí e encontrar…).

Geralmente as chamadas de alunos, são feitas pelos professores no início da aula. Uma atividade assim, “quebra o gelo”, o que pode contribuir para um bom dia de aula para todos. Não costumo fazer todo dia, mas sim pelo menos uma vez por semana, para que a proposta não perca a característica de ser diferenciada, especial. É preciso combinar algumas regras: falar somente na sua vez; respeitar o colega, sem praticar bullying; tudo bem se não quiser participar; se travar, com vergonha, sem ideia e tudo mais, pode pedir ajuda de algum colega para responder.  Uma atividade tão simples, mas que traz aquela coisa boa de pertencimento de grupo, de união, e que traz elementos para que os professores conheçam e entendam melhor sua turma de estudantes.

Desenho de si próprio e seus símbolos, para ilustrar o Portfólio da turma

É incrível como os desenhos podem relevar sobre como são nossos estudantes. Não estou dizendo isso do ponto de vista da psicologia ou outra ciência, o que certamente seria ainda mais revelador nesse sentido. Todo ano faço um portfólio da turma, quando então peço que se desenhem (corpo inteiro; rosto; mãos), como um dos registros que o compõem.  Começam então, na maioria das vezes, as dificuldades. Não necessariamente relacionadas as habilidades artísticas nessas representações, o que sempre aparecem são as seguintes justificativas:  “É difícil desenhar a gente mesmo” ou coisas do tipo ,“Não gosto da minha aparência, do meu nariz, do meu corpo, da minha cor”.

Isso exige muito respeito, ética e empatia por parte dos professores. Momento de saber ouvi-los, de reforçar a autoestima, e de se sentirem protegidos e acolhidos, mas também de fortalecê-los, com muito cuidado, no enfrentamento de situações de exposição. Muitos trazem suas produções protegidas, próximo ao corpo para que ninguém veja como se representou. Essa atividade geralmente em minhas turmas resulta em rodas de conversa e de leituras que exploram a temática da identidade pessoal, do amor-próprio, da aceitação de si mesmo e dos pares, do respeito a diversidade. Mas também em algumas das minhas   turmas esse momento quando não tinha esse peso todo, as representações iam para o painel da turma, com muitas risadas, descontração, mas essa não é a regra.  Ainda mais em uma sociedade que cobra um modelo padrão de beleza, quando somos tão diversos.

Para o portfólio da turma, costumo fazer essa atividade pelo menos mais uma vez durante o ano letivo, geralmente no segundo semestre. São nítidas as mudanças no desenvolvimento de cada estudante, em vários aspectos. Quando comparadas as produções de diferentes períodos, as vezes até negam que foram feitas por eles, não se reconhecem mais naquele corpo, naquele momento de vida.

Cápsula do tempo

Essa atividade sempre causa empolgação nos alunos, pela expectativa da passagem do tempo para a fatura revelação das mensagens secretas guardadas. Fiz por alguns anos com minhas turmas, dos pequenos em alfabetização, como também com maiores de 4º e 5º anos. Farei esse ano novamente.

Em Capivari, no interior do Estado de São Paulo, em 2022, foi aberta uma Cápsula do tempo que ficou fechada por 20 anos, em um monumento em concreto, na Praça Central da cidade. Na cápsula os estudantes da Rede Municipal, colocaram um livro feito por eles, cartas contando sobre a realidade do país naquela época e  as  expectativas para o futuro e também 22 anos moedas, jornais, fotos e vários objetos. Foi um momento de grande emoção para todos os envolvidos, no momento de guardar o artefato, como também e especialmente no momento de abri-lo depois de tantos anos. Os objetos devem entrar para o acervo do museu da cidade. Incrível, não é mesmo!

Para a escola, com os estudantes a proposta é menor, mais também empolgante. Os alunos escrevem suas expectativas para o presente ano, seus desejos e sentimentos. As mensagens secretas são guardadas em uma garrafa pet toda decorada por eles, que pode ser pendurada no alto, em um lugar sem acesso para os estudantes, mas também podem ser uma caixa de madeira ou de papelão. Nos últimos dias de aula do ano letivo a cápsula é aberta e as mensagens então são reveladas. Nas minhas turmas a ansiedade era tamanha que quando lembravam dela, lá pelo meio do ano, pediam para abrir, o que era preciso lembrar o combinado de ser apenas no final do ano. Na abertura, risadas e muita, muita emoção!

Dinâmica: Eu te desejo…

A ideia é simples e fácil de fazer, com a proposta de que os estudantes desejem uns aos outros, boas coisas para o ano letivo. Recolha e recorte imagens de revistas usadas, ou impressas da internet, de preferência de paisagens, ou objetos, sem marcas de propaganda. Cole as em um papel claro, com uma gramatura mais firme, se for tamanho A4 fica mais fácil, mas não é regra. Depois de colada as imagens no papel, recorte em duas ou três partes, de forma irregular, como um quebra cabeça. Para a atividade, embaralhe as partes e entregue para cada estudante uma delas. Eles devem escrever suas mensagens no lado claro do papel, no verso da imagem. Depois que todos escreverem, devem encontrar as partes que se juntam e formam novamente a imagem e então descobrir o destinatário e trocar as mensagens escritas. Além da surpresa, fica a mensagem principal, de que todos merecem um feliz ano letivo.

Moldura para fotos no primeiro dia, ou primeira semana, de aula.

Com os devidos cuidados, levando em consideração a LGPD- Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, as autorizações necessárias dos responsáveis e combinados com a gestão, podemos registrar esse momento tão especial de começarmos juntos o ano letivo. As fotos podem ir para o painel da sala de aula, para o portfólio e até para as famílias em formato digital. A moldura pode ser feita aproveitando papelão, papéis coloridos e pequenos objetos para decoração ou com qualquer outro material disponível. O professor pode levar pronta ou até mesmo criar com os alunos em sala de aula. Frases positivas também são bem-vindas, do tipo, “Esse ano vou arrasar nos estudos!”.  O importante é respeitar a vontade de seu estudante, se não quiser tirar a fotografia.

Espero que gostem das minhas propostas para a acolhida, façam uso ou se inspirem para criar as suas. Tudo para um bom ano letivo, feliz para todos e com muito aprendizado para os nossos estudantes!

Um abraço e até o próximo post!

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Professora há quase 30 anos, lecionou em vários segmentos, da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, passando também pela Educação de Jovens e Adultos (EJA). Recebeu o Prêmio Educador Nota 10, na área de Alfabetização, com o projeto Escrevendo com Lengalenga. Atualmente, assina a coluna Olhares no blog Redes Moderna.