Como está o diálogo em sala de aula? É consenso que precisamos ouvir e dar vez as vozes das nossas crianças, adolescentes e jovens, mas isso realmente vem acontecendo?
A aprendizagem demanda interações, trocas, confronto de hipóteses, construções colaborativas e coletivas, entre tantos outros elementos essenciais que só ocorrem com diálogo, com abertura para participação de todos e alunos no centro do processo de aprendizagem. Por isso tudo, precisamos compreender que oportunizar tempo e espaço de fala e escuta devem ser ações permanentes em nossas aulas e planejamento, e que tudo isso exige uma mudança de postura, de atitude enquanto professores, afinal nosso papel é de mediar, facilitar todo o processo de aprendizagem, criando condições e situações favoráveis para que ele aconteça e se desenvolva da melhor maneira possível.
Mudança de postura
Essa mudança de postura diz respeito às nossas convicções e ações no nosso dia a dia em sala de aula. Muitas vezes nós professores falamos muito e escutamos pouco, mas também não basta abrir participação ativa e direta dos estudantes apenas em momentos determinados. É preciso que em todos os momentos as salas de aulas sejam ambientes para o debate, de forma ética e respeitosa, onde as nossas crianças desde bem pequenas, adolescentes e jovens, se sintam apoiados e acolhidos por seus professores, para que fiquem à vontade para perguntar, dar suas respostas, apresentar suas hipóteses e propostas, estudos e pesquisas e expressar seus sentimentos e opiniões, ou seja, construir juntos o conhecimento e um espaço acolhedor. Assim, não cabe mais o “professor como detentor do conhecimento”, só ele fala e decide.
Práticas e metodologias que proporcionam o diálogo e participação de todos em sala de aula
- Disposição dos espaços em sala de aula. Carteiras organizadas em círculo, em formato de meia lua ou em grupos, de forma que todos possam se ver e ouvir, olho no olho, frente a frente, que favoreça as interações e trocas.
- Rodas de conversa como atividade permanente, que conste no planejamento do professor, pelo menos um dia na semana, com organização previa, com objetivo e intencionalidade definidos, mas que ocorra também a qualquer momento que se fizerem necessário. Que possam também em algum momento, ser propostos e conduzidos pelos alunos. Uma boa proposta é se criar um calendário com a programação das rodas de conversa, que podem ser temáticas, receber convidados etc., mas que essencialmente permita a participação de todos os alunos.
- Seminários realizados pelos alunos. Essa metodologia leva ao estudo e pesquisa, ao trabalho em equipe e ao compartilhamento de descobertas e saberes. Coloca os alunos no centro do debate e participação, onde podem assumir seu protagonismo na aprendizagem.
- Perguntas problematizadoras. Um professor provocador incentiva e estimula a curiosidade e o estudos dos alunos. Uma boa maneira de fazer essa provocação é apresentar a eles, a cada semana, uma pergunta que os faça pensar, pesquisar e encontrar respostas para situações e problemas do dia a dia.
Espaços na escola para expressão e fala dos alunos
- Parlatório. Em um lugar de destaque e de uso coletivo na escola, que pode ser um pátio ou outro lugar aberto, é disponibilizado um microfone com caixa de som que possam ser usados pelos estudantes para dar recados, passar suas mensagens e se expressar culturalmente. Tudo bem combinado com os estudantes para uma participação ética e democrática.
- Mural. Espaço fixo em muros e ou paredes da escola onde os alunos possam se expressar desenhando e escrevendo. Pode ser feito do mesmo material das lousas de sala de aula, para uso com giz ou canetões, de forma que possa ser renovado sempre. A cada dia as escritas devem ser registradas em fotos ou vídeos, antes de serem apagadas para as próximas, de forma que sejam registradas as expressões dos estudantes.
- Assembleias. A escola convida todas as turmas dos estudantes para um debate geral, para participarem dando suas contribuições no debate para uma gestão participativa e bem-estar de todos. Podem ser realizadas a cada mês ou bimestre do ano escolar de forma fixa ou a qualquer tempo, quando surgir alguma demanda.
Seja em sala de aula, seja na escola como um todo, é extremamente importante criar e fortalecer a cultura do diálogo, da fala e escuta, da participação de todos, pois assim além de contribuir efetivamente no processo de aprendizagem dos nossos estudantes, contribuiremos também, pela educação, com a construção de uma sociedade mais justa, empática e mais tolerante.
Mas e vocês, professores? Que ações em suas escolas estão sendo feitas para criar essa cultura do diálogo? Qual dessas que sugeri você acredita que podem ser adotadas em sua escola ou sala de aula? Conte aqui nos comentários!
Um abraço e muita escuta a todos nós professores!