Com o avanço da pandemia, é preciso pensar em maneiras e formas de manter o ensino remoto ou híbrido, e como eles podem apoiar a recuperação da aprendizagem.
Após um ano ministrando aulas no formato remoto, temos pesquisas e literatura sobre o assunto, como o recente livro lançado pelo Professor Fernando Reimers, da Universidade de Harvard: “Leading Education Through Covid-19” (ainda sem tradução para o português), em que o autor aponta que a inovação e a colaboração são chaves para o sucesso educacional.
A pesquisa revela que somente uma aula ao vivo não é eficaz para contribuir com a aprendizagem, o que já sabemos, uma vez que nada substitui as aulas e o contato presencial entre estudantes e professores.
A tecnologia deve ser utilizada sempre como propulsora do processo, com objetivos e propósitos claros, para não corrermos o risco de voltarmos a antigos modelos de aprendizagem tendo o professor como transmissor de conhecimento e não como o mediador do processo.
Estes são pontos essenciais na hora de escolher uma tecnologia ou plataforma adaptativa, que devem ser acompanhadas de novas abordagens de ensino, visando contribuir com o processo e com o desenvolvimento de habilidades elencadas no planejamento do professor.
Para além da tecnologia
O uso da tecnologia possui relevância para a educação, se vier acompanhada de novas abordagens ativas de ensino, principalmente porque um dos aprendizados deste período é a importância de cultivar as habilidades no desenvolvimento da autonomia e competências digitais para professores e estudantes.
Neste quesito, as metodologias ativas e o ensino híbrido podem (e devem) contribuir para a eficácia deste processo, ao compreender que ela parte de problemas reais, aprendizagem por projetos e que podem ser trabalhadas em diferentes modalidades, como a sala de aula invertida (que atua em três momentos – antes, durante e depois), na busca da personalização de ensino, protagonismo juvenil, além de potencializar os momentos de aula síncrona.
A pandemia vem aumentando as desigualdades sociais e o grande desafio é encontrar formas de recuperar o aprendizado com eficácia na aprendizagem, garantindo uma participação efetiva dos estudantes diante dos diferentes ciclos de escolarização, que neste momento vêm sofrendo com consequências diretas na aprendizagem e indireta devido a crise econômica e social das famílias. É neste cenário que as plataformas adaptativas podem atuar e contribuir com o processo de recuperação da aprendizagem, desde que uma série de fatores seja considerada.
Para não cair em armadilhas
Como vimos, as plataformas adaptativas podem contribuir para a aprendizagem, mas não basta apenas dar acesso aos estudantes: é preciso analisá-las, avaliar o seu conteúdo e verificar se existe sinergia com o currículo e com a proposta pedagógica do professor em curso, cuidando para que sejam relevantes para os estudantes e não apenas utilizadas como testes de múltiplas escolhas.
Para eficácia, é necessário a compreensão de que as plataformas adaptativas apoiam a aprendizagem em curso e não o processo inicial de um conteúdo do zero. Por isso, é necessário boa gestão, formação profissional e garantir que todos os estudantes consigam ter acesso aos softwares.
Plataformas adaptativas
As plataformas adaptativas são softwares inteligentes através do uso do Big Data, que podem ou não utilizar da gamificação para propor atividades diferenciadas para os estudantes, respeitando diferentes etapas de ensino e fases de conhecimento na busca por autonomia e personalização do processo cognitivo.
Assim, o professor pode avaliar e fazer uso de plataformas diferenciadas que auxiliem os estudantes em suas dificuldades, pois a maioria utiliza algoritmos que analisam o desempenho em tempo real e sugerem conteúdos que variam de vídeos, games, exercícios, leituras, entre outros, de forma específica e individualizada para cada aluno. Separamos algumas sugestões para que vocês possam conhecer e usar em sala de aula.
- A Geekie Games é uma plataforma brasileira de ensino adaptativo, que oferece ensino personalizado por meio de jogos para ajudar estudantes a se prepararem para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Depois que cada estudante realiza os simulados on-line, os algoritmos identificam suas necessidades e dificuldades e a melhor maneira de ensiná-lo, além de apresentar essas informações para que o professor também possa adaptar suas aulas. A plataforma opera na versão gratuita e na versão paga; na gratuita, é possível ter acesso a todo o conteúdo de videoaulas e aos simulados. Para isso, basta pesquisar uma palavra-chave no campo de busca ou filtrar pela disciplina.
- A DreamBox Learning é uma plataforma adaptativa de matemática para o ensino fundamental (anos iniciais), que utiliza a lógica da gamificação. O site está em inglês e é possível a tradução ou ainda ser usado para o ensino bilíngue.
- A ScootPad é uma plataforma adaptativa para estudantes do ensino fundamental (anos iniciais e finais) desenvolverem habilidades de leitura e matemática. Com planos gratuitos, o site oferece informações em tempo real para os professores e aprendizado por meio de jogos, tem parcerias com o Google in Education, o Edmodo e a Schoology Platform. Ela está aberta para apoiar o ensino neste momento de pandemia.
- A Plataforma Adaptativa de Matemática (PAM) é voltada para estudantes do ensino fundamental e médio e oferece um sistema de avaliação integral com relatórios de desenvolvimento para alunos e professores que conta com 100 mil exercícios, além de glossários, arquivos de textos e quizzes, promovendo a personalização tanto individual como para um grupo de estudantes, de acordo com as semelhanças de suas necessidades, conhecimentos e desenvolvimentos de habilidades.
Um abraço e até a próxima.