Outro dia me perguntaram quantos cursos eu já tinha feito desde que comecei a dar aula. Respondi com uma frase que virou meu mantra: “olha, parece que nenhum foi suficiente para me preparar para o que estava por vir.”
Poxa, é tanta coisa nova que surge, e todo santo dia! É como dizia Cazuza, o Tempo não para! A aprendizagem também!
Veja se você me entende…
Ensinar é como entrar numa floresta que muda de forma a cada passo – e, ainda assim, caminhar com a coragem de quem sabe que o mapa se desenha ao andar.
Falar de lifelong learning com professores não é só uma conversa a respeito de formação continuada.
É sobre sobrevivência poética. É sobre manter vivo o fogo do propósito em meio às cinzas da burocracia. Lifelong learning é sobretudo não deixar que a curiosidade morra sufocada entre metas, reuniões pedagógicas e planilhas de desempenho.
Se alunos mudam a cada geração – com novos códigos, tecnologias, dores, novas linguagens – como é possível acreditar que nosso conhecimento de ontem basta para educar os jovens de hoje?
A aprendizagem contínua, para nós, educadores, não é luxo.
É urgência. É como respirar: silenciosa, constante, vital.
Contudo, há um ponto cego nessa conversa.
Costumamos pensar que lifelong learning diz respeito a cursos, pós-graduações, certificações… Mas pouco se fala do que acontece quando um professor aprende com o próprio aluno.Quando aceita que também não sabe tudo. Quando transforma a escuta em ferramenta e a dúvida em farol.
A verdadeira aprendizagem ao longo da vida exige uma delicada dança entre três elementos: o conhecimento (aquilo que sabemos), as habilidades (aquilo que conseguimos aplicar) e a atitude (aquilo que queremos colocar em movimento). E é aqui, nesse último item, que mora o abismo e o milagre.
Porque conhecimento se adquire. Habilidade se treina. Mas atitude?
Ah, essa nasce do encontro entre a motivação interna e o senso de propósito.
E propósito, para um professor, quase sempre tem nome, rosto e história: é o aluno que desafia, o olhar que desvia, a pergunta que desmonta. É o chamado diário para sair do script.
Por isso, todo professor precisa cultivar sua própria fome de aprender. Não por modismo, mas por coerência. Não por cobrança, mas por sentido. Poxa, esse entendimento precisa ser sólido e expandido também entre os tomadores de decisão e gestores justamente para investirem na formação continuada de professores.
Ou seja, aprender ao longo da vida é o que nos permite continuar sendo ponte – mesmo quando o rio muda de curso.
Entenda: você pode ter dado aula para centenas de crianças. Mas nunca foi professor desta criança, neste tempo, com este mundo lá fora.
E isso, por si só, já é razão suficiente para começar tudo de novo.
Até uma próxima,
Tiago Eugênio