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Educação para a sustentabilidade: o papel da escola frente à crise climática e à Agenda 2030 da ONU 

A crise climática é um dos maiores desafios do nosso tempo, e a educação ocupa posição central na construção de respostas coletivas. O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, 2023) mostra que a temperatura média global já aumentou 1,1 °C em relação à era pré-industrial, provocando consequências visíveis como ondas de calor, enchentes e secas prolongadas.

Esses fenômenos afetam diretamente comunidades, economias e ecossistemas, o que reforça a urgência de preparar as novas gerações para enfrentar transformações ambientais em grande escala. Nesse cenário, a escola atua como espaço estratégico não apenas para transmitir conteúdos, mas principalmente para formar cidadãos orientados pela sustentabilidade e pelo compromisso com a Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas). 

O cenário atual de sustentabilidade na educação

O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 4, que trata da educação de qualidade, estabelece de forma explícita a necessidade de promover competências para o desenvolvimento sustentável, estilos de vida mais responsáveis e consciência sobre direitos humanos. Isso significa que a aprendizagem escolar não pode ser restrita à sala de aula tradicional, mas deve dialogar com o território, os problemas locais e as soluções possíveis para o planeta. Quando a escola incorpora a perspectiva socioambiental, possibilita que estudantes compreendam a interdependência entre sociedade, economia e natureza, cultivando atitudes de corresponsabilidade e solidariedade. 

Dados da UNESCO (2022) revelam que, em nível global, apenas 53% dos currículos nacionais incluem alguma referência às mudanças climáticas, e menos de 30% dos professores afirmam sentir-se preparados para trabalhar esse tema de maneira transversal. Essa lacuna reforça a necessidade de políticas educacionais que apoiem a formação docente e incentivem metodologias inovadoras.

No Brasil, um estudo recente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais aponta que mais de 45% dos municípios já sofreram algum tipo de desastre climático nos últimos cinco anos.  

Na prática da sala de aula para reverter desastres 

Esses dados, além de alarmante, oferece oportunidade concreta para que escolas desenvolvam projetos vinculados à realidade de suas comunidades, tornando a aprendizagem mais significativa. Entre as estratégias pedagógicas possíveis, experiências de horta escolar, compostagem e reaproveitamento de resíduos podem ser transformadas em laboratórios vivos, em que os estudantes não apenas observam, mas participam ativamente da produção de conhecimento.  

Projetos interdisciplinares ampliam o impacto, pois permitem usar a matemática para calcular a economia de água em um sistema de captação de chuva, a ciência para compreender processos biológicos e a geografia para mapear vulnerabilidades ambientais da região. O resultado vai além da aquisição de conteúdos acadêmicos: estimula a construção de uma consciência crítica voltada para a ação.

A escola promove debates sobre consumo responsável e incentiva reflexões sobre escolhas cotidianas, da alimentação ao uso de energia. Ou seja, trabalhar com narrativas, filmes, literatura e produções artísticas relacionadas ao meio ambiente fortalece a dimensão cultural da sustentabilidade e cria vínculos emocionais com o tema.

Quando os estudantes investigam problemas de seu entorno, como o descarte inadequado de lixo ou a poluição de rios locais, e propõem soluções coletivas, bem como assumem o papel de agentes de transformação.

A instituição de ensino não se limita a preparar para exames ou carreiras futuras. Ela cultiva sujeitos capazes de atuar em um mundo em constante mudança, conscientes de que a sobrevivência das próximas gerações depende das decisões tomadas hoje. Portanto, a Agenda 2030 aponta um horizonte comum e oferece referências globais, mas sua concretização nasce de práticas locais e cotidianas que começam no espaço escolar.

Educar para a sustentabilidade significa oferecer às novas gerações ferramentas cognitivas, éticas e emocionais para enfrentar a crise climática de maneira criativa e solidária. Significa também construir uma comunidade de aprendizagem comprometida em pensar e agir em favor de um futuro mais justo e equilibrado.

Quando a escola assume essa missão, transforma-se em espaço de esperança ativa, no qual cada estudante imagina e concretiza caminhos para um planeta mais sustentável. 

Um abraço e até a próxima! 

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