Coluna Escola Diversa

Eugenia e seu impacto na educação brasileira – Parte II

Olá pessoal!

Conforme prometido, estou aqui de volta para concluir o assunto Eugenia e seu impacto na educação brasileira. 

Antes de recomeçar quero agradecer a confiança de vocês em meu trabalho. Sei que alguns assuntos geram incômodos, tristeza e às vezes até a sensação de impotência diante de um cenário histórico tão complexo. Mas é justamente por saber da história que podemos não repetir algumas coisas e podemos também compreender alguns eventos dos dias atuais. 

Gosto muito de falar e escrever sobre as belezas da vida, da educação, dos nossos afetos. Mas ficar somente no lugar de conforto seria egoísmo e covardia. E nós, educadores e educadores, somos valentes e comprometidos. 

Lembrando que esta é a Parte II deste assunto. Se por acaso você não leu a parte I, leia para ficar por dentro do assunto!

Dito isso, vamos lá?

Como a eugenia impactou nossa cultura, história, políticas públicas e na nossa educação?

Em meados de 1920 a eugenia influenciou fortemente o sistema de educação.  Uma época sombria no Brasil onde se mediam as pessoas e a depender de suas características físicas elas eram consideradas  com ou sem habilidades e capacidades.

A escola era um espaço responsável por criar uma  nação com “aperfeiçoamento da raça”. 

Um  marco para o racismo na educação brasileira. Crianças pobres e de famílias chamadas de mestiças eram segregadas em turmas consideradas inferiores. 

Coisas importantes a saber

  • Constituição de 1824: Escola era um direito de todos, exceto dos escravizados.
  • Ano de 1891: Aulas particulares em casa para os ricos, escolas públicas para os pobres. 
  • Nascidos em África não podiam frequentar as escolas. 
  • Nos anos da Primeira República existia uma preocupação com os filhos e filhas de escravizados, os ”beneficiados” do chamado Ventre Livre. A preocupação era que eles não se sentirem igual as demais pessoas não negras, não escravizadas. Assim a educação utilitária se inicia, ou seja, apenas pessoas negras exerciam alguns tipos de trabalho.  
  • Até 1888 negros não podiam estudar e neste período e por muito tempo depois também não podiam votar já que não era permitido o voto para analfabetos.

O agora

Como você acha que isso se relaciona ao cenário educacional vivo hoje? Práticas tão cruéis e marcantes teriam o poder de ainda hoje influenciar o dia a dia da educação nas escolas? Quais vícios, vieses, opiniões foram herdadas?

Há muito desta verdade a ser conhecida. Retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro, como nos ensina o povo Ashanti.

Espero que em breve possamos juntos e juntas falar sobre tudo isso. Já sabemos que esta história não acaba nem aqui nem lá. Ainda há muito para contar. E eu, que já estou indo embora, te encontro já já!

Até breve

Janine Rodrigues

Educadora, Psicanalista, Escritora

Diretora da Piraporiando Educação e Presidente do Instituto Piraporiando

Para saber mais

Abaixo, listo alguns links para você se aprofundar mais no assunto!

http://memoria.bn.br/DocReader/159808/1

https://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/7148/pdf

Tese de Doutorado tese de doutorado: A construção da invisibilidade e da exclusão da população negra nas práticas e políticas educacionais no Brasil.

Sobre o(a) autor(a)

Artigos

Formada em Gestão Socioambiental, com especialização na mesma área pela UFRJ, Janine Rodrigues começou a escrever aos 8 anos de idade e hoje, além de escritora, é educadora e fundadora da Piraporiando, uma das 10 Edtechs mais importantes da América Latina. A Piraporiando é voltada à Educação para a diversidade e desenvolve experiências e conteúdos antirracistas, antibullying, antipreconceito e de promoção da equidade de gênero. Eleita pela Forbes como uma das 12 pessoas negras mais inovadoras, Janine trabalha pela qualidade da educação no Brasil e, atualmente, assina a coluna Escola diversa no blog Redes Moderna.